Como as pessoas se apresentam ao emprego em Portugal

Os tempos que vivemos são incertos. Uma pandemia com consequências globais afetou a forma como nos relacionamos em sociedade, colocou à prova os sistemas de saúde, a economia e lançou a muitas pessoas desafios novos de conciliação da família com o trabalho. Isto para aqueles que conseguiram manter o seu trabalho.

Texto: Ricardo Carneiro

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Sabemos que muitos são aqueles que foram e serão apanhados por esta nova crise, em situações de desemprego, de uma forma forçada e inesperada.

Tendo consciência da situação atual, em que de um contexto de crescimento económico Portugal mergulhou num cenário muito adverso e em alguns sectores de paragem absoluta (turismo e restauração, por exemplo), é necessário que se invista na reativação do emprego. Para tal, os próprios candidatos devem começar por investir em si e na sua marca profissional.

Há um ano lançámos um portal de emprego renovado na Multipessoal (ver aqui) e, desde agosto do ano passado, temos disponibilizado uma avaliação gratuita do currículo, para todos aqueles que estão à procura de um novo emprego, ou pelo menos que querem melhorar a sua apresentação ao mercado de trabalho. A nossa avaliação centra-se, entre outros aspetos, sobre a identificação do indivíduo, a apresentação das habilitações académicas e das experiências profissionais e o aspeto visual.

Os resultados das mais de 1.000 avaliações gratuitas que até ao momento entregámos mostram-nos um dado preocupante: a média atual das avaliações é de apenas 10.34 num total de 20 valores. A pontuação mínima foi de 1.5 e a máxima de 18.5. Aguardamos ainda pelo currículo perfeito (se é que isso existe).

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Quais são os erros mais comuns, ou onde se encontra o maior potencial de melhoria na maioria dos currículos que analisámos?

O aspeto mais penalizado na avaliação dos currículos foi a descrição das experiências profissionais, fortemente justificado pela falta de apresentação das principais realizações em cada experiência. Apenas o nome da função e, por vezes, uma descrição funcional. Na maior parte dos casos não são dados exemplos tangíveis para espelhar resultados concretos do trabalho desempenhado em determinada função. Faltam números, concretizações, os feitos que nos deixam orgulhosos quando olhamos para trás.

Para além disso, mais de metade dos currículos analisados (63%) não inclui a apresentação da pessoa em formato de proposta de valor e/ ou resumo. Um parágrafo forte que indique quem somos, o que queremos e o que conseguimos fazer numa organização. A nossa marca diferenciadora perante outros candidatos. Esta é uma lacuna que deve ser colmatada, sendo que para candidaturas especificas a sua personalização é recomendada, uma vez que acaba por substituir a típica carta de motivação.

O aspeto menos penalizado na avaliação dos currículos foi o aspeto visual e a organização do conteúdo, uma vez que cerca de 75% apresenta uma estrutura clara e poucos ou nenhuns erros gramaticais e ortográficos.

Claro que muitas pessoas que submeteram os seus currículos podem não estar ativamente à procura de uma nova oportunidade no mercado de trabalho, sendo que viram nesta nossa disponibilidade uma oportunidade de melhoria.

Temos ainda a capacidade de, na experiência profissional nos programas de Career Management customizados (ver aqui), confirmar que a tendência descrita se repete, na maior parte das vezes, também no perfil de LinkedIn destas pessoas.

Se para muitos profissionais um acompanhamento individual (focado em processos de mudança profundos que por vezes implicam deixar zonas de conforto e patrimónios profissionais de muitos anos) é imprescindível, para outros ainda é necessário criar awareness para estas temáticas mais simples e de resolução rápida – como a apresentação de um bom currículo e de um bom perfil de LinkedIn.

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»»»» Ricardo Carneiro é diretor da área de recrutamento e seleção especializado da Multipessoal

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