Formação em live streaming

O VARK em VUCA

Os modelos de estilos de aprendizagem conhecidos foram desenvolvidos para situações de aprendizagem em sala. Cada modelo tem sua própria definição do estilo de aprendizagem.

Texto: Pedro Castaño

 

O modelo de Kolb é um modelo experimental. O Modelo Gregorc, embora emergindo do trabalho de Kolb, é um modelo fenomenológico. VARK (acrónimo de visualauditoryread/ writekinesthetic) é um modelo sensorial/ perceção. O Felder-Silverman combina partes do experiencial, da fenomenologia e do sensorial. E o modelo de Dunn e Dunn combina elementos de todos os quatro anteriores.

Parece claro que é preciso haver diferentes perspetivas para captar o carácter de cada estilo de aprendizagem, uma vez que o nosso cérebro é multimodal e poucas pessoas assimilam conhecimento exclusivamente de uma maneira. O que acontece é que há uma predominância de um estilo ou outro, dependendo da situação. Há pessoas que não exibem nenhum estilo predominante, e que se adaptam de acordo com o contexto. Outras, ainda, procuram assimilar o máximo possível em todas as modalidades, levando, com isso, mais tempo para chegar a um resultado.

Para as organizações otimizarem o processo de aprendizagem dos seus colaboradores, é importante conhecer o modelo predominante de cada um e em que contextos ele se manifesta, uma vez que entender quais são as forças e as dificuldades dos formandos potencia a obtenção de resultados.

O ano de 2020 parece ser o exponencial máximo do mundo VUCA (acrónimo de volatilityuncertaintycomplexity – ambiguity), onde muitas práticas e saberes se tornaram obsoletos, umas mais temporariamente que outras, de um dia para o outro, obrigando a maioria dos profissionais a adaptação, atualização e reciclagem. Neste contexto em que ninguém sabe como será o amanhã, que papel terá a formação síncrona à distância? Em que medida ocupará espaços do e-learning, em que medida será viável no pós-pandemia? Na verdade, depende da nossa capacidade de passar da adaptação improvisada para a conceção estruturada.

Tomemos como boa a pirâmide de aprendizagem de William Glasser:

– 10% do conteúdo é aprendido quando lemos;

– 20% do conteúdo é assimilado quando escutamos;

– 30% é aprendido quando assistimos/ observamos algo;

– 50% é assimilado quando combinamos escuta e observação;

– 70% é aprendido quando discutimos, conversamos, perguntamos e debatemos o tema;

– 95% do conhecimento é aprendido quando temos de ensinar alguém, explicando, resumindo, definindo e estruturando o conhecimento.

Sabemos que cada um de nós tem seu próprio «estilo» para recolher e organizar informações em conhecimento útil, pelo que a pirâmide só por si não nos resolve a questão, e o ambiente on-line pode ser particularmente adequado para alguns estilos de aprendizagem e necessidades de personalidade, mas não para todos.

O ambiente on-line atende às necessidades de aprendizagem das pessoas que não abordam novas informações de forma sistemática ou linear. Os ambientes de aprendizagem on-line podem ser usados ​ para aprendizagem colaborativa quando complementam os diferentes estilos de aprendizagem.

Os formadores devem, portanto, criar atividades que abordem vários modos de aprendizagem para melhorar a probabilidade de experiências bem-sucedidas para cada formando/ grupo.

Ao projetar cursos on-line, deve utilizar-se várias estratégias de ensino:

– aprendizagem baseada em projetos/ problemas;

– aprendizagem baseada em equipas;

– estudo de caso;

– Phillips 66;

brainstorming;

– sala invertida;

peer instruction;

– ciclo de aprendizagem vivencial.

Sobretudo, deve ter-se em conta que ser «ao vivo» não é igual a estarmos todos numa sala.

 

 

»»»» Pedro Castaño é responsável de formação da eiC Formação

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