A Covid-19 está a acelerar a transformação no mundo do trabalho e a redefinir as competências mais procuradas. Os trabalhadores estão a enfrentar uma alteração nas necessidades de talento por parte das empresas, um cenário que está a acentuar as desigualdades na força de trabalho, conclui o inquérito do ManpowerGroup «O Futuro dos Trabalhadores, pelos trabalhadores», o segundo integrado na série «What Workers Want», sobre as preferências dos colaboradores.
Segundo o estudo, que inquiriu mais de 8.000 trabalhadores, em oito países, a pandemia traduziu-se num aumento da procura por competências nas áreas de Cibersegurança, Transformação de Negócios, Saúde e Bem-Estar, Logística e e-Commerce. Ao mesmo tempo, e em sentido inverso, os trabalhadores das áreas de Vendas e Marketing, Hotelaria, Turismo e Lazer, Administração e Manutenção de Escritórios ou Retalho Físico viram a oferta de oportunidades profissionais cair de forma significativa.
Regista-se assim um aumento dos desequilíbrios na força de trabalho, com os trabalhadores que detêm as competências mais procuradas a beneficiarem de mais oportunidades para negociar o seu salário, gerir a vida pessoal e a vida profissional com flexibilidade, bem como trabalhar remotamente, podendo ficar seguros em casa. Esta desigualdade torna-se ainda mais vincada no caso das competências em domínios tecnológicos, como a cibersegurança, o desenvolvimento de software ou a análise de dados. No estudo do ManpowerGroup, estes trabalhadores destacam-se mesmo por serem os únicos que não classificam a manutenção do emprego como primeira prioridade, valorizando antes a flexibilidade que ganharam neste período.
Rui Teixeira, chief operations officer da ManpowerGroup Portugal, assinala: «A revolução das competências, um cenário há muito antecipado e identificado pelo ManpowerGroup, é hoje uma realidade, com a pandemia a acelerar a transformação no mundo do trabalho e nas necessidades de talento. O agravamento no desencontro entre competências disponíveis e necessidades das empresas é visível no aumento da taxa de desemprego, mas também na dificuldade crescente de atrair talento em perfis técnicos e tecnológicos. Vivemos um contexto de crescente digitalização, e a aposta no desenvolvimento de programas e iniciativas que promovam a capacitação de trabalhadores é hoje fundamental. Uma estratégia de, entre aspas, construção de talento, apostando nas pessoas e na sua requalificação, permitirá às empresas ampliar a sua base de talento disponível, constituindo uma aposta chave para limitar as consequências da pandemia no emprego.»
Neste contexto de transformação e incerteza, as soft skills ou power skills revelam-se também como fulcrais para os trabalhadores e para os líderes, com particular ênfase para a comunicação, a adaptabilidade, a capacidade de iniciativa, a integridade ou o pensamento analítico. As empresas procuram, assim, a melhor combinação entre a tecnologia e uma abordagem humana, de forma a associarem as principais forças individuais e sociais com o know-how técnico e digital.
O estudo aponta ainda para a emergência de uma nova categorização dos trabalhadores, como essenciais e não essenciais. Como consequência da pandemia, funções na área da saúde, motoristas e trabalhadores do retalho alimentar, que foram considerados heróis por terem permanecido nos seus postos de trabalho, são hoje alvo de forte reconhecimento por parte da sociedade.
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