Recrutamento e seleção e processos digitais
Desafios na identificação de talentos

A situação atual resultante da pandemia do COVID-19 obrigou as organizações a procurar meios tecnológicos para se adaptarem em tempo recorde aos novos tempos que vivemos, de forma a privilegiar não só o teletrabalho mas para conseguir manter dentro da normalidade processos de trabalho em curso.

Texto: Lúcia Palma

 

A área do recrutamento e seleção apresenta-se como especialmente crítica nesta fase, uma vez que todos os recrutadores, numa fase ou noutra do processo, acabavam por privilegiar o contacto direto e pessoal com o candidato.

Nas circunstâncias atuais, este contato não só se tornou perigoso como proibido, tendo a área passado a optar, de forma rápida e massiva, pelos recrutamentos totalmente digitais, a fim de não colocar em risco, a sua sobrevivência, e a dos profissionais que nela atuam, e salvaguardando assim os processos em curso.

Os recrutadores tiveram de se adaptar (e transformar) das seguintes formas:

– otimizando o tempo;

– fazendo uma escuta (ainda mais) ativa;

– aprendendo a ler alguns sinais comportamentais (como o tipo de comunicação e a postura corporal) com atenção redobrada através das telas dos computadores;

– preparando de forma rigorosa as ligações remotas com os candidatos;

– cumprindo estritamente os prazos em cada processo, através da definição exata do número de entrevistas e intervenientes no processo, em cada etapa, tendo em consideração a complexidade da vaga;

– assegurando a boa receção dos links de acesso para a realização de assessments (fundamentais para perceber o alinhamento do perfil do candidato com a missão, cultura e valores da organização a que se candidata);

– promovendo uma divulgação ainda mais dinâmica das vagas em todos os meios on-line disponíveis (como páginas especializadas de procura de emprego; redes profissionais e sociais; e os sites da própria empresa que recruta para aquela posição), de forma a captar a atenção dos candidatos e a atrair talento;

– aumentando a transparência no tratamento de dados durante todo o processo de recrutamento com todos os intervenientes do mesmo.

 

O discurso dos recrutadores deve agora ser adaptado, de forma a minimizar a impessoalidade que um contacto virtual às vezes comporta, para garantir o interesse do candidato pelo processo e pela vaga.

 

A maior dificuldade na identificação de talentos, fulcral para o sucesso de qualquer processo de recrutamento e seleção, durante as entrevistas on-line será, sem dúvida, a leitura de comportamentos e a avaliação da postura do candidato, o que obriga a que os recrutadores tenham de ser ainda mais atentos e perspicazes.

Todos os sinais devem ser considerados: desde o local escolhido pelo candidato para a realização das entrevistas; o envio antecipado ou não das informações de contacto para realização da entrevista; o cumprimento pontual da hora agendada para a realização da reunião; a postura corporal e o tom de voz, bem como o contacto visual, durante toda a entrevista.

Deve ainda ser assegurado por parte do recrutador que as perguntas efetuadas são integralmente compreendidas pelos candidatos, e haver uma especial compreensão para situações em que exista delay na conference call.

O discurso dos recrutadores deve agora ser adaptado, de forma a minimizar a impessoalidade que um contacto virtual às vezes comporta, para garantir o interesse do candidato pelo processo e pela vaga, captando a atenção dos profissionais mais qualificados no mercado, e também garantindo por esta via que a entrevista de emprego ocorre sem excesso de formalismos que possam, de alguma forma, inibir o candidato na prestação de informações úteis sobre o seu processo.

Durante todo o processo, é também essencial a manutenção de um diálogo constante, fornecendo feedback sempre que solicitado. Este é o ponto chave para manter o envolvimento durante todas as etapas do processo.

A identificação de talento no âmbito dos processos de recrutamento e seleção, agora digitais, sofre assim uma adaptação imposta pelas circunstâncias que vivemos, que deve ser no todo apoiada nas tecnologias de informação, e teremos de transformar e readaptar a nossa comunicação, tornando-a assertiva, como meio de criar proximidade e eficácia nos processos.

 

 

»»» Lúcia Palma (na foto) é subdiretora de recrutamento e seleção da Multipessoal Angola (Grupo Multipessoal em Portugal). A empresa posiciona-se como um fornecedor de referência no sector de recursos humanos em Angola. A oferta de serviços que coloca no mercado ao dispor dos seus clientes cobre toda a área de recursos humanos. Ou seja, fornece serviços nas áreas de recrutamento e seleção, formação profissional, consultoria organizacional e de recursos humanos, trabalho temporário e outsourcing, com o objetivo de constituir-se como um parceiro transversal na gestão dos recursos humanos nos seus clientes. Em linha com os valores e os objetivos do Grupo Multipessoal em Portugal, desenvolve a sua atividade assente em parâmetros de rigor, na experiência, na sensibilidade e no conhecimento do mercado dos recursos humanos em Angola em todos os sectores em que atua.