António Eloy Valério
«Queremos ser reconhecidos pela excelência em tudo o que fazemos.»

Há vários anos como chief executive officer (CEO) do Grupo Multipessoal, António Eloy Valério tem uma carreira de mais de duas décadas ligada ao mundo da gestão, nomeadamente com passagens pela banca e pelas áreas de auditoria e consultoria.

Texto: Redação «human»/ Foto: DR

 

Que balanço faz da atividade do Grupo Multipessoal nos últimos meses, na sequência das mudanças em termos do Board?

A mudança do Board do Grupo Multipessoal surge após um período de reflexão estruturado, racional e ponderado, com o objetivo de adequar a nossa estrutura aos desafios do mercado de trabalho, e de modo geral da nossa economia. Este reforço do capital humano permitiu dotar o Board de um conjunto alargado de skills que faz desta equipa uma equipa especializada e inovadora. Estou convicto de que estamos preparados para o futuro, conscientes de que diariamente estamos a provocar mudanças constantes no mundo do trabalho.

Quais é o vosso grande foco nesta altura, perspetivando o futuro da atividade?

Este ano fica marcado pelo início do nosso plano de transformação, que visa capacitar as nossas operações com a melhor tecnologia e os melhores processos de trabalho, garantindo que conseguimos acelerar a geração de valor, não só para os mais de 10.000 colaboradores que diariamente trabalham connosco mas também para os cerca de 1.000 clientes e mais de 300.000 candidatos. O nosso foco é garantir que, na mudança de emprego ou na escolha da primeira experiência, a Multipessoal é o melhor suporte para todas as partes envolvidas, num momento tão importante na vida dos nossos colaboradores/ candidatos. Para garantir esse foco, temos connosco os melhores profissionais no sentido de conseguirmos que os processos e os sistemas libertam tempo para o que mais importa, a humanização da relação e do acompanhamento e suporte de todos os nossos stakeholders.

Vê o mundo português dos recursos humanos a passar por grandes mudanças? Ou o mercado tende para uma certa inércia?

A nossa perspetiva é que desde o início da atual década o mercado já está a passar por grandes mudanças. Globalmente as pessoas procuram modelos de contratação mais ágeis e existe uma grande volatilidade das habilitações técnicas procuradas pelo mercado. As pessoas querem cada vez mais modelos de contratação que permitam equilibrar o trabalho com a sua vida pessoal. Esta tendência reflete-se na multiplicação da gig economy, onde todos os trabalhadores são independentes/ freelancers, trabalhando para qualquer parte mundo a partir de uma localização remota.

Hoje discute-se a falta de talento em Portugal, mas quando se revisita um processo de recrutamento com cerca de 20 anos conclui-se que as empresas continuam a tentar atrair pessoas da mesma forma. O posto de trabalho é descrito sempre na perspetiva do que as empresas procuram e não do que têm para oferecer. Adicionalmente, ainda existem poucas empresas a trabalhar a atratividade dos seus postos de trabalho e a gerar propostas de valor que vão ao encontro das exigências dos candidatos. Este é sem dúvida o caminho para acelerar o crescimento do mercado de emprego em Portugal.

Acha que em Portugal, no tecido empresarial, se aposta verdadeiramente no capital humano?

São cada vez mais as empresas portuguesas que procuram humanizar a relação com os seus clientes, necessitando para tal de se suportar dos melhores profissionais. Hoje em dia quem não assumir como prioridade o investimento e o desenvolvimento do seu capital humano terá grandes dificuldades em fazer crescer e desenvolver o seu negócio. A dificuldade em encontrar perfis especializados levou a que as empresas portuguesas passassem a olhar para os seus recursos humanos de forma diferente. Estou consciente de que este é um passo importante para aquilo que será a evolução das atuais direções de recursos humanos. Iremos caminhar para uma versão evoluída das organizações onde o desenvolvimento das pessoas assume uma posição preponderante na estratégia de crescimento de qualquer organização.

Há sectores que se destacam neste âmbito?

Sim. As empresas tecnológicas levam grande vantagem, pois o seu modelo de negócio depende diretamente da performance das suas pessoas, obrigando a que invistam recorrentemente na formação e no desenvolvimento dos colaboradores. São também estas empresas que mais procuram reinventar a proposta de valor apresentada aos colaboradores, com os mais variados incentivos, que vão desde o próprio local de trabalho aos vários benefícios que atribuem e que nem sempre dependem de materialização monetária. Conjugadas, estas medidas visam uma maior satisfação e um aumento produtividade. Existe também uma outra forma de investimento no capital humano, que passa por simplificar a vida dos colaboradores que têm atividades repetitivas ou que não impliquem desenvolvimento de novas competências. Neste panorama, a indústria em Portugal já apresenta elevados níveis de profissionalização e simplificação que visam capacitar as suas linhas de produção com equipas mais qualificadas para a geração de valor.

Como olha para o seu papel na liderança de um grupo que tem uma influência direta no emprego e nas oportunidades que se colocam a esse nível?

Liderar o Grupo Multipessoal foi uma missão que assumi desde 2010 e que me tem permitido ver de outra perspetiva a evolução do país numa temática tão relevante e tão crítica para o seu desenvolvimento e o seu crescimento, o emprego. Ao longo deste período, foram várias as mudanças que aconteceram em Portugal e só com uma gestão pragmática, criativa e com muita proximidade no acompanhamento das equipas é que conseguimos que fosse possível colocar todos os dias a trabalhar cerca de 10.000 pessoas. Agora queremos mais. Queremos ser mais rápidos a encontrar e ter as pessoas certas para os empregos certos. Queremos ser reconhecidos pela excelência em tudo o que fazemos, seja por quem nos procura para contratar ou para ser contratado. Queremos ser o exemplo neste mercado, e para tal precisamos de estar focados em garantir a melhoria contínua da nossa atividade, promover a inovação e a criatividade e, acima de tudo, reconhecer a importância da atividade que desenvolvemos para todos os nossos stakeholders.

 

 

»»» António Eloy Valério é chief executive officer (CEO) do Grupo Multipessoal, que tem sede em Lisboa.  O Grupo Multipessoal, que oferece soluções globais de recursos humanos, está presente no mercado desde 1993, atuando nas áreas de trabalho temporário, outsourcing, recrutamento e seleção, formação e consultoria. Tem vindo a consolidar o seu posicionamento estratégico mantendo a sua solidez financeira, sendo que gere atualmente uma carteira de 850 clientes, dá emprego a mais de 11.000 colaboradores e possui um volume de negócios na ordem dos 110 milhões de euros.