Tiago Cardoso transformou mais de 20 anos de experiência em gestão de recursos humanos na Human Capital for Life, consultora que lançou em março passado. O slogan da nova empresa, tal como o nome, é em inglês (uma escolha que diz não ser inocente) e traduz o seu principal objetivo: trabalhar com as melhores pessoas, tendo em vista o que é melhor para elas. Nesta entrevista, explica o que diferencia o projeto e o que o faz, assinala, «não ter paralelo no mercado nacional».
Texto: Redação «human»/ Foto: DeF
O que está na base do seu novo projeto empresarial?
A eficiência do capital humano nas empresas. Partimos do princípio de que todo o capital é bom, desde que bem investido. Quanto mais otimizado for o exercício do capital humano, maior será a probabilidade de sucesso das empresas. Acreditamos que todos as pessoas representam uma excelente força de trabalho, mas que tem de ser bem orientada de forma a retirar delas o melhor partido. Não há pessoas boas ou más para determinado serviço, existem pessoas com competências mais orientadas para determinada tarefa e cabe aos gestores do capital humano construir esse equilíbrio.
Existem muitos empresários e gestores a proclamar que o melhor das empresas são as pessoas, contudo não deixam de vê-las como um custo. Já cheguei a ouvir empresários queixarem-se de que os seus negócios só servem para pagar salários e impostos ao Estado. A Human Capital for Life nasceu para ajudar a transformar mentalidades, pois essa é a única forma de as empresas conseguirem responder às novas exigências do mercado.
Como é que a ideia surgiu e que balanço já pode fazer do contacto com o mercado?
A verdade é que a Human Capital for Life se foi construindo ao longo da minha carreira profissional. Sempre defendi que temos de saber retirar das pessoas o que elas têm de melhor. Repito: não existem bons e maus trabalhadores, existem pessoas motivadas e bem orientadas, assim como pessoas desorientadas e desmotivadas. A nossa missão é fazer a melhor gestão, caso a caso.
Eu vim das empresas para a consultoria, e essa situação faz toda a diferença. Neste novo projeto, deixei cair a gravata para estar mais próximo da realidade dos clientes e do seu capital humano. Desde que o profissionalismo esteja sempre presente, quanto menos barreiras existirem mais hipóteses temos de fazer um bom trabalho com as pessoas.
Depois, existe o conhecimento técnico, e nesse campo estamos à vontade, pois trago comigo a experiência nas mais diversas áreas de negócio. Fazer a gestão do capital humano é diferente de sector para sector, existem pontos comuns, mas trabalhar a indústria é diferente de trabalhar a banca, por exemplo.
Embora este projeto seja muito recente, posso dizer que o balanço está a ser francamente positivo. O país e a gestão mudaram muito, e gerir pessoas hoje não tem nada a ver com gerir pessoas há 20 anos. Fazia falta uma consultora como a Human Capital for Life. E agora ela existe.
Como analisa o mercado de recursos humanos em Portugal?
Sou uma pessoa positiva e o meu balanço acompanha sempre essa forma de estar. A minha carreira profissional começou no serviço de pessoal de uma grande empresa de construção civil e obras públicas, onde adquiri toda a base da gestão administrativa, pois o que fazíamos nessa altura era gestão administrativa pura e dura. Foi assim que construí o pilar das minhas competências. Depois, fui tendo outras experiências até que cheguei à minha própria direção de recursos humanos, e nessa altura já se começava a falar de desenvolvimento de competências, motivação, engagement, etc. Mas ainda tudo muito ao de leve. Hoje, após mais de 20 anos de gestão de recursos humanos, afirmo que o mercado não tem nada a ver com o do início da minha carreira, aliás, diria que de 2015 para cá têm sido tantas as modificações que as 10 top soft skills já não serão as mesmas para 2020. A forma de encarar o capital humano, as novas tecnologias e a automação obrigam a um quadro completamente diferente.
O mercado está em mudança…
Sim, está em plena mutação, e é com grande satisfação que o afirmo. Passámos de uma gestão de policiamento para uma gestão de responsabilização, em que o capital humano está no centro da ação. Os profissionais de recursos humanos começam a ser respeitados pelas suas competências e, finalmente, as empresas e os empresários ganham a consciência de que esse papel é fundamental na gestão e que o conhecimento do capital humano faz a diferença no posicionamento no mercado. Mas se as empresas estão mais exigentes, o capital humano também está. Hoje, temos candidatos e trabalhadores que querem saber mais sobre as políticas das empresas, questionam-nas e até as colocam em causa, quando não se reveem nelas. As pessoas estão mais exigentes, pois têm acesso a mais informação, o que é bom para os profissionais de recursos humanos. Obriga a uma atualização constante e à procura de novas metodologias e processos para responder às diferentes necessidades do capital humano e das empresas.
Tiago Cardoso: «A nossa grande proposta é garantir aos clientes a totalidade dos serviços de desenvolvimento do capital humano. Estamos nas empresas como parceiros, e para conseguirmos trabalhar dessa forma temos que conhecer o cliente, o seu negócio, a sua cultura organizacional e, acima de tudo, o seu capital humano.»
Como vê o impacto quer das tecnologias, quer da chegada de novas gerações ao mundo do trabalho?
Em 2007, comecei a falar na criação de um portal de colaborador. Hoje, o que não falta no mercado são ferramentas de workflow com vista à otimização dos processos. O facto de comunicarmos e acedermos à informação à distância de um clic permite-nos atuar mais instantaneamente e, ao mesmo tempo, estar mais perto dos grandes temas do nosso dia-a-dia. Uma empresa que tem nos seus serviços a gestão administrativa de recursos humanos não pode pensar em ir para o mercado sem disponibilizar aos seus clientes uma ferramenta que permita a agilização de burocracias no âmbito dessa gestão de recursos humanos. Na Human Capital for Life optámos por uma solução user friendly que permita aos colaboradores agendarem os seus dias de férias, as faltas e demais informações. Este tipo de ferramenta é essencial para facilitar o nosso trabalho enquanto prestador externo e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos causados pela externalização de um serviço.
No que diz respeito às novas gerações, sempre vi com bons olhos a chegada de sangue novo às empresas. É uma lufada de ar fresco para as equipas, que traz sempre inovação. Cabe depois aos mais experientes orientar essa inovação em prol do negócio. Não sou pessoa de falar do, entre aspas, antigamente; gosto de falar do presente e de adaptar-me à realidade em que vivo. Não gosto de estigmas e não tenho o costume de falar de gerações X, Y ou Z. Gosto de falar de pessoas e gosto de saber como delas tirar o melhor partido.
Quais são as grandes propostas de valor da sua empresa?
A nossa grande proposta é garantir aos clientes a totalidade dos serviços de desenvolvimento do capital humano. Estamos nas empresas como parceiros, e para conseguirmos trabalhar dessa forma temos que conhecer o cliente, o seu negócio, a sua cultura organizacional e, acima de tudo, o seu capital humano. Temos uma visão holística, atuamos em todas as vertentes e tão depressa respondemos perante um conselho de administração como a uma direção de recursos humanos. Os nossos serviços vão deste a área administrativa, em que realizamos o processo de remunerações, à área de desenvolvimento do capital humano, para a qual criamos políticas e definimos estratégias. Fazemos um serviço de recrutamento e seleção responsável e orientado para as empresas, com aplicação de testes de competências, e validamos soft skills dos candidatos, bem como todo o percurso profissional. Estudamos e criamos diversos tipos de diagnósticos orientados para cada situação e marcamos presença nos processos de decisão, sempre que isso nos é solicitado.
A diferença da Human Capital for Life em relação ao que já existia no mercado assenta na forma como a nossa oferta de serviços é disponibilizada ao cliente. Em todos os nossos serviços está presente a filosofia de que o capital humano é o nosso principal foco. Dou o exemplo de uma das situações mais complexas: um processo de desvinculação. Temos de informar o colaborador sobre a decisão da empresa, as razões por que o faz e, acima de tudo, temos de retirar do processo qualquer forma de amesquinhamento ou sobranceria, respeitando sempre a pessoa que está à nossa frente e assegurando a dignidade da desvinculação.
Como é feito o diálogo com o mercado?
Apostamos na proximidade com as pessoas e com as empresas. Estamos nos nossos clientes com a mesma atenção que daríamos aos pormenores na nossa casa, criando sempre soluções adaptadas a cada realidade.
Como olha para si, no papel de empreendedor?
Sou um empreendedor determinado e muito competente no domínio dos serviços que a Human Capital for Life oferece. Gosto de pensar, analisar, mas também de criar, não me limito a aceitar o que já existe. Uma realidade nova exige uma nova solução, e se não existe a Human Capital for Life constrói-a. Penso que esta é a característica que me diferencia, que me torna uma mais-valia para os meus clientes, e, muito importante, os fideliza. Sempre liderei projetos que eram propriedade de outros, mesmos que pensados e estruturados por mim. Agora, é o momento de liderar um projeto inteiramente meu; estava mais do que na hora de percorrer o meu próprio caminho e construir algo de que me possa orgulhar e que faça o orgulho dos meus clientes. É por acreditar no futuro deste projeto que escolhi uma designação para a empresa em inglês, que a abre a uma fácil internacionalização. E o ‘slogan’ que a acompanha, «Working for the best people for what is the best for them», resume a filosofia que a torna única e a faz não ter paralelo no mercado nacional.
»»» Tiago Cardoso, chief executive officer (CEO)/ founder da Human Capital For Life, iniciou o seu percurso profissional na área dos recursos humanos na OPCA SA. Foi diretor de recursos humanos do extinto Grupo Dislapark, assumiu a direção geral da Flexiplan e, mais tarde, a direção de recursos humanos do Grupo Eulen. Teve uma curta passagem pela direção comercial de uma empresa de publicidade e, durante 14 anos, foi diretor geral da Blanes/ Seines, empresa de consultoria de recursos humanos. Já trabalhou com as mais diversas organizações, das quais se destacam as seguintes: Grupo Amorim, Aon, Arvato, Caja Duero, Liebherr, Maquinter, Orbest, Willis, Grupo Sapec e Viúva Monteiro. A Human Capital For Life é uma consultora de gestão de capital humano que tem por objetivo assegurar a rentabilidade das empresas clientes. Propõe-se reduzir custos através do outsourcing de uma panóplia de serviços, que incluem direção e gestão administrativa de recursos humanos, recrutamento e seleção, assessoria, auditoria e formação profissional. Tem como filosofia a defesa das pessoas como essência da vitalidade das organizações e apresenta-se como «o parceiro certo para garantir êxito e tranquilidade em todas as vertentes da gestão do capital humano».