O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), Carlos Alberto Silva, é um gestor focado no desenvolvimento humano e na qualidade da relação dos hospitais com os seus utentes. Nesta entrevista, assinala que «vencer as barreiras dos comodismos e das rotinas, ousando fazer diferente, ser disruptivo e concretizador da mudança cultural, transforma o gestor em alguém que no final do dia olha para trás e diz ‘Yes we can!’.
Texto: Redação «human» (com o apoio de SEAL Group)
O CHTS serve uma população superior a 520 mil pessoas de 12 concelhos. Qual é a relação entre os utentes e os profissionais da instituição?
A relação estabelecida entre os utentes e os profissionais do CHTS faz-se a diferentes níveis, consoante o tipo de interação que esteja subjacente. Pode ser num episódio de urgência, no âmbito de consulta de especialidade programada, para uma cirurgia, para uma simples informação, etc.
Qual é a importância do desenvolvimento das soft skills nos profissionais de saúde?
As soft skills são cada vez mais importantes nos mais diversos sectores, mas na área da saúde mostram-se particularmente relevantes. Com um público cada vez mais informado e exigente, e ainda com a necessidade de melhorar performances e inter-relações, aos profissionais de saúde de hoje exige-se um aperfeiçoamento permanente e a atenção a diferentes características comportamentais, de valores e princípios, que vão muito para lá do bom desempenho a nível técnico.
Enquanto líder do CHTS, como vê a humanização da saúde em Portugal?
Vejo como uma das áreas em que o espaço de melhoria ainda é muito significativo. Tratar bem os doentes, de acordo com as boas práticas clínicas e de gestão, já não é suficiente, porque muitas vezes essa qualidade de atendimento não é bem percebida pelos seus destinatários. Não raras vezes, um gesto ou um comportamento de humanização no atendimento ou na prestação de cuidados sobreleva sobre tudo o resto e cria uma perceção de funcionamento que pode ser muito diferente.
Na sua intervenção numa conferência do SEAL Group abordou o tema do empreendedorismo organizacional. Como pode ser praticado na área da saúde?
A área da saúde em Portugal faz maioritariamente parte do sector público. Por consequência, o enquadramento organizacional de base é profundamente regulamentado, burocratizado, centralista e pouco propício a rasgos de criatividade. Assim, ser-se empreendedor neste contexto obriga a um grande exercício de estoicismo, predisposição para o desgaste, autoestima e resiliência. Vencer as barreiras dos comodismos e das rotinas, ousando fazer diferente, ser disruptivo e concretizador da mudança cultural, transforma o gestor em alguém que no final do dia olha para trás e diz «Yes, we can!».
»»» Carlos Alberto Silva, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), é um gestor focado no desenvolvimento humano e na qualidade da relação dos hospitais com os seus utentes. Criado oficialmente no dia 28 de setembro de 2007, o CHTS serve uma população superior a 520 mil pessoas de 12 concelhos. É constituído por duas unidades hospitalares: o Hospital Padre Américo (sede do centro hospitalar), em Penafiel, e o Hospital de Amarante. Tem como missão a prestação de cuidados de saúde à população da sua área geo-demográfica de influência, sem prejuízo do direito de livre preferência dos doentes originários de outras áreas geográficas, desenvolvendo funções de assistência e de ensino pré e pós-graduado e estimulando a investigação e o desenvolvimento científico, em articulação com os centros de saúde e os demais hospitais integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Desenvolve ainda ações de investigação, formação e ensino, em benefício dos seus profissionais, em cooperação com diversas instituições de ensino, outros hospitais e instituições de saúde.
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