República Dominicana
Sonhar no paraíso das Caraíbas

Há locais que permitem que sonhemos acordados. Pode ser o caso da República Dominicana, todavia somos nós que construímos os sonhos através da forma como tiramos partido das situações, como percebemos e usufruímos, como «respiramos o mundo».

Por Rodolfo Begonha

 

Gerir férias é gerir gostos, impulsos, possibilidades. O que gostaríamos? O que é exequível? Em condições normais necessitamos de olhar os preços, o que realmente está ou não incluído e se há extras capazes de nos surpreenderem. Quando ir? Que constrangimentos de agenda ou outros? Exemplo: Estamos condicionados pelo tempo escolar dos nossos filhos? Então temos de nos preparar para preços geralmente bastante mais altos durante os respetivos períodos de férias. Depois, procurar saber algo mais sobre o destino, nomeadamente o clima na época do ano escolhida, a moeda, os locais de interesse, a segurança, as condições sanitárias e de assistência médica, as doenças, o fuso horário, etc. É fundamental recolher-se informações básicas para gerir expectativas, ir ao encontro do que gostamos e estarmos alerta face a possíveis contrariedades: procedimento básico (dir-se-á), porém em muitos casos tal não se verifica devido a falta de tempo, falta de paciência ou simplesmente por nos colocarmos nas mãos do destino que nos é apresentado sob a forma de magníficos prospetos turísticos que tranquilizam a nossa consciência face às impossibilidades de aprofundar as ideias. Opções com vantagens e também com riscos, claro.

 

Descanso

Escolhi Punta Cana, na República Dominicana, e sabia ao que ia, pois tratou-se de uma propositada repetição de destino e até do próprio hotel. Pretendia algum descanso e praia para cortar o nosso inverno, visto que em dezembro ou janeiro a temperatura da água permite «ir a banhos» no cativante mar de cor esmeralda típico das Caraíbas. Também contactar com a exuberante natureza dos trópicos e com um povo bem-disposto e cheio de bons ritmos exalando merengue e bachata, e beneficiar simultaneamente de boas condições de alojamento e de alimentação e do excelente enquadramento da unidade hoteleira. Atualmente o país proporciona muita oferta a preços competitivos relativamente a diversos destinos concorrentes, alguns dos quais em época alta são proibitivos para o nível de vida português.

O que pretendemos fazer? O que queremos ver? Desejamos apenas descansar num clima tropical sem nos sujeitarmos a excursões, ficar num paraíso fechado de hotel junto à praia, isolados da vida local, incluindo evitar as maçadas oferecidas por vendedores insistentes e palavrosos e não vislumbrar as dificuldades com que boa parte do povo vive? Portanto: praia e descanso… Não só é perfeitamente possível como é natural para muitos viajantes. Os hotéis têm pacotes onde tudo está incluído, assim pode esperar-se dias de lazer num contexto de abundância, com comida e bebidas sempre disponíveis para consumo, em restaurantes, em bares de piscina (fora e dentro de água) ou em bares de praia. Torna-se quase obrigatório tomar uma água de coco e produzir a correspondente selfie para «mostrar ao mundo» as delícias do mundo tropical, entre areias coralinas, coqueiros a perder de vista e um mar de cor invejável sem recurso a adornos de «Photoshop». São experiências confinadas a um enquadramento restrito também destinadas a partilhar com amigos e família através da Internet – pelo menos foi o que constatei através da amostra de turistas teclando concentrados nos átrios dos hotéis em virtude de serem zonas de rede gratuita.

 

Percorrendo a república

Mas o objetivo aponta para excursões e animação? Queremos aventura, exploração, natureza, cultura, conhecer as atrações do país? Também tudo isso é perfeitamente concretizável. Hoje em dia a República Dominicana proporciona imensas possibilidades de diversão, continuando a crescer diversas atrações (também noturnas), sobretudo nesta localidade de grande afluência de turistas.

O contacto com a natureza quer em mar quer em terra é uma possibilidade omnipresente um pouco por todo o lado real, potenciada pelo clima quente e húmido. Diversos hotéis têm muito cuidado com a arquitetura paisagista; não só possuem jardins bem cuidados como recriam ambientes naturais onde podemos encontrar espécies interessantes, inclusivamente aves como pica-paus das palmeiras, colibris, melros locais, garças, etc. Há muitos exemplos de zonas e parques naturais com interesse. Pode navegar-se no Rio Chavón com belas paisagens onde se afirma terem sido rodados filmes profusamente conhecidos ou andar de catamaran rumo a piscinas marinhas naturais. É possível visitar zonas de campo e agrícolas, experimentar gastronomia típica, fazer rapel, sair de moto-quatro, a cavalo, de buggy ou de outras formas, ou até participar em programas que conjugam várias destas atividades no mesmo dia. Outra atração com bastante oferta local é o mergulho com garrafa ou em apneia, deixando-nos nadar entre recifes de coral. São especialmente conhecidas as visitas à bonita zona costeira da Península de Samaná e a ilhas que dão acesso a praias de exceção, como os casos da Ilha Catalina, da Ilha de Cayo Levantado e talvez da mais conhecida de todas, a Ilha Saona.

Receamos chuva? O clima tropical proporciona chuvadas e é bom estar-se preparado para a sua existência, apesar de regra geral não demorarem demasiado tempo. Isso não quer dizer que em determinadas alturas do ano toda esta região não esteja, como sabemos, no mapa de grandes tempestades e furacões que assolam tais geografias, situações que não se pode evitar pagando um suplemento à agência de viagens.

 

Na capital

Queremos ver o país real? É legítimo e também perfeitamente viável, adotando algumas precauções quando o fazemos por conta própria. Nas cidades sentimos a verdadeira vida dos dominicanos, pois aí contactamos com as características socioculturais do país, os contrastes, os pobres, os ricos, as cores, os ritmos, a história, as tradições, o bom, o mau, os matizes pelo menos aparentemente caóticos do fluir vivencial nas Caraíbas. Uma hipótese relevante a considerar será a deslocação à capital – Santo Domingo –, onde há diversos pontos de visita obrigatória. É o local de maior concentração histórico-cultural. Mais uma vez, veremos o que «quisermos ver», com maior ou menor filtro. Hoje com mais de dois milhões de habitantes, Santo Domingo é a mais antiga cidade da América, a primeira com catedral, com cunhagem de moeda, com tribunal e com hospital. Junto à capital é fundamental conhecer a Gruta dos Três Olhos e no centro a zona antiga da cidade – chamada Cidade Colonial –, onde entre diversas atrações se deve visitar o palácio da família Colombo (El Alcázar), o Panteón Nacional, o mercado colonial (repleto de recordações para turistas) e a famosa Catedral de Santa Maria de la Encarnación (do século XVI). Em Santo Domingo é ainda interessante passar em frente do palácio da presidência e do passeio marítimo, que por estas paragens se designa por malecón. Certas áreas em pleno centro de Santo Domingo caracterizam-se pela exuberância de cores e por uma certa desorganização urbana, com teias de fios e cabos multiplicando-se e lixo amontoado em sacos. Mas tudo parece afinal funcionar, ao bom ritmo caribenho.

Que produtos tradicionais? Esta zona do globo é conhecida pelo âmbar mas em termos de adornos uma das matérias-primas que mais se vê utilizada é a característica pedra larimar, de cor azul-clara. Abunda o artesanato onde entre outros produtos se destacam pinturas naïf, estatuetas e máscaras em madeira. Além dos incontornáveis charutos, café e rum, é de experimentar a mamajuana, uma antiga bebida tradicional – que se diz afrodisíaca –, com base num preparado com cascas de várias árvores envolvido em rum, mel e vinho tinto. Esta bebida pode ser adquirida já pronta a consumir ou ainda para preparar. Optei por ela com resultados satisfatórios, seguindo as instruções fornecidas para o efeito.

Se puder, voltarei. Para continuar a descobrir a República Dominicana.

 

Curiosidades

Foi em 1492 que Cristóvão Colombo chegou à ilha que veio a ser batizada como La Española, uma das Grandes Antilhas situada no Mar das Caraíbas. Com 48.670 quilómetros quadrados, a República Dominicana ocupa cerca de dois terços da ilha que partilha com o Haiti. A população do país é superior a 10 milhões de pessoas, sendo maioritariamente mulata ou mestiça. A capital, Santo Domingo, deve o seu nome ao fundador da ordem religiosa dos dominicanos, precisamente São Domingos de Gusmão (Santo Domingo de Guzmán).

 

Breves alertas

Os dólares dos Estados Unidos são a moeda forte de recurso habitual, sendo necessária para fazer pagamentos quer à entrada quer à saída da República Dominicana. Nesta altura do ano a diferença horária para Portugal é de menos quatro horas. A todos os que não querem deixar de utilizar telemóveis por falta de carregamento, lembra-se que as fichas e as tomadas elétricas neste país são como as dos Estados Unidos, portanto com corrente diferente da europeia. Sugere-se a compra prévia de ficha adaptada (com transformador).

 

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