A transformação digital na gestão de eventos

Em pleno século XXI, e sabendo do papel preponderante que o digital assume de uma forma transversal a diversas gerações, como estão os organizadores de eventos portugueses a usar esse potencial?

Por Miguel Luís

 

A resposta é muito simples: não estão.

Qualquer evento, seja ele cultural, desportivo, associativo ou de outro âmbito, pode ser segmentado em três momentos: pré-evento, evento, pós-evento.

No que ao pré-evento diz respeito, a larga maioria de organizadores nacionais já se apercebeu de que, tendo como objetivo alargar a base de contacto e a notoriedade, as redes sociais, e em particular o «Facebook», permitem garantir resultados interessantes a baixo custo; assim, são já vários os exemplos de criação de eventos nessa rede. Mas que conteúdo é publicado nos eventos digitais? Na maioria dos casos, nada. Como é fomentada a participação do público-alvo nessas páginas? Simplesmente não é. Quantos eventos nacionais têm uma hashtag associada? Na área de gestão de recursos humanos, nenhum.

Esta última questão leva à gestão do evento em si. Numa semana de outubro altamente profícua em termos de eventos, consegui fazer a comparação entre dois eventos que estavam a ocorrer em simultâneo, um em Portugal e outro em França. Diferenças? Muitas. Estando em Portugal a assistir in loco ao evento, estava ligado no «Twitter» a acompanhar o evento francês. O evento português não tinha nenhuma hashtag e o evento no «Facebook» não tinha qualquer publicação. O evento francês tinha uma hashtag (#HRTechWorld), e durante cada apresentação chegava a haver mais de 20 partilhas no «Twitter» associadas à mesma, gerando centenas de interações entre participantes. Em Portugal a sala estava cheia, estando o alcance das mensagens limitado a essa população.

No pós-evento, em Portugal a organização partilhou algumas fotografias do dia, gerando alguns gostos e algumas partilhas, maioritariamente dos participantes. Em França foi criado um stream com os principais tweets e posts, ligados através da hashtag do evento, através da aplicação «Storify». Resultado, novamente centenas de gostos e partilhas de pessoas de todo o mundo.

A transformação digital nas organizações é um tópico quente em Portugal, mas há um claro défice de competências. Ou seja, falta literacia digital.

O mais grave é que o problema não está nos organizadores de eventos, está na cultura nacional. Por quê? A minha experiência na organização de eventos (na área de gestão de recursos humanos) diz-me que mesmo quando são criadas as condições para a participação digital num evento, a adesão é bastante diminuta. E o motivo é a fraca base de utilizadores do «Twitter» em Portugal, além da dificuldade (não foi criado para esse efeito) em partilhar e interagir de forma instantânea nos eventos do «Facebook».

Claramente podemos/ devemos começar a viver os eventos de forma diferente, e os human resources (HR) marketers serão uma resposta clara a esta lacuna.

Pronto/ a para começar?

 

 

»»» Miguel Luís é marketing intelligence manager na Go>Express by Transporta.