Talvez tenhamos todos crescido a acreditar que, quanto mais fazemos e quanto mais ocupados estamos, mais valemos, que dar sempre mais fica bem, que trabalhar em excesso é nobre, que estar cansado é sinal de dedicação.
Texto: Cristina Nogueira da Fonseca Imagem: Freepik
Mas a neurociência diz exatamente o contrário: uma mente exausta não consegue inovar, não consegue reflectir, não consegue resolver problemas, não consegue muitas vezes relacionar-se.
Quando estamos exaustos, verdadeiramente exaustos, o cérebro entra em modo de autopreservação.E uma pessoa em modo proteção não arrisca, não experimenta, tem dificuldade em colaborar, não pensa a longo prazo. E muitas vezes… nem cria, não porque não quer, mas porque não consegue.
O cérebro está a consumir a pouca energia que ainda resta para sobreviver.
E quando deixamos de conseguir pensar, rir, descontrair, criar… quando perdemos o gosto pelas tarefas que antes nos faziam apaixonar pelo trabalho… quando chegamos aí, sabemos que algo se partiu.
E é preciso tocar onde dói, porque esta exaustão, estes números de burnout, não são um problema das pessoas. São problemas dos contextos.
Empresas que ignoram a saúde mental poupam dinheiro, mas não poupam as pessoas. Perdem-nas.
Pessoas que, muitas vezes, já se perderam por dentro antes de sair porta fora, porque ninguém consegue continuamente criar no escuro.
Talvez seja hora de encaramos a energia humana como um património estratégico da organização. Porque o que está em jogo não é apenas desempenho e produtividade.
É a humanidade do trabalho, o entusiasmo, a vitalidade. A vontade de contribuir e a capacidade real de o fazer.
A exaustão está a quebrar a alma das equipas.
Queremos que as pessoas fiquem? Então é preciso cuidá-las, é preciso cuidar do que nos torna humanos.
Esse é o único futuro possível para o trabalho.

Cristina Nogueira da Fonseca, Executive Director da Happytown Portugal (presença no LinkedIn aqui)

A Happytown Portugal, fundada em 2016, é a primeira consultora portuguesa dedicada em exclusivo à felicidade e ao bem-estar nas organizações. Em 2025 continua com a missão de criar relações de confiança com os seus clientes, promovendo competências e edificando estratégias para o fortalecimento das pessoas e dos seus negócios.
