Mais do que receber hóspedes, o Bairro Alto Hotel procura transformar emoções em memórias. A partilha é de Pedro Quintas, que lidera a área de recursos humanos nesta unidade com cerca de 160 colaboradores.
Texto: Redação «human» Fotos: Bairro Alto Hotel
«A atividade do Bairro Alto Hotel vai muito além de receber hóspedes: procuramos transformar emoções em memórias», começa por assinalar Pedro Quintas, o Diretor de Recursos Humanos (RH), para logo explicar: «O nosso luxo discreto nasce de uma visão clara de negócio, de um conceito rigoroso e de uma cultura que potencia a experiência dos nossos visitantes. A excelência resulta da combinação do produto de alta qualidade – localização ímpar, design cuidado e detalhes minuciosos – com o serviço prestado pelas nossas equipas. Este conjunto reflete-se nas distinções nacionais e internacionais que nos motivam – World Travel Awards, Condé Nast Traveler, Guia Michelin e People Engagement Survey 2025, entre outras.»
O Bairro Alto Hotel tem cerca de 160 colaboradores, um bom equilíbrio de género e uma multiculturalidade significativa. Daí, refere o responsável, viverem diariamente «um ambiente inclusivo e cada vez mais colaborativo, refletido num serviço altamente reconhecido» por quem visita o hotel, que está situado na zona histórica da cidade, entre dois bairros emblemáticos – o Bairro Alto, símbolo de tradição, e o Chiado, referência de sofisticação e inovação. «Esta localização inspira a nossa identidade e influencia a gestão de pessoas, combinando importantes elementos como autenticidade e evolução», destaca Pedro Quintas.
«Mais do que atualizar políticas e ferramentas, estamos a cultivar uma forma de pensar que orienta a evolução da organização e o impacto de cada colaborador», explica Pedro Quintas (à direita na foto, com elementos da equipa de RH – Zélia Silva, Susana Dias e Nélson Bordonhos).
A propósito das práticas de RH, o responsável diz que o Bairro Alto Hotel «iniciou nos últimos anos uma transformação cultural significativa, construindo uma arquitetura interna que conduz a uma mudança de paradigma na gestão de pessoas», o que sintetiza na expressão «foco no propósito». Ou seja: «Mais do que atualizar políticas e ferramentas, estamos a cultivar uma forma de pensar que orienta a evolução da organização e o impacto de cada colaborador, incentivando-o a compreender não apenas o que faz, mas também o valor que acrescenta ao negócio, traduzindo-se em maior eficiência, impacto e melhores resultados», diz. «Esta mudança começou na equipa de RH, reconstruída com perfis complementares e de diferentes sectores, aptos para questionar práticas estabelecidas e propor novas abordagens. O nosso papel assenta em interpretar comportamentos, identificar padrões e desenhar soluções alinhadas com a cultura que queremos consolidar.»
A escuta ativa é outro dos pilares desta mudança. «Recolhemos feedback no primeiro mês de integração, realizamos estudos de clima bienais – que nos distinguiram no Top 10 do People Engagement Survey 2025 – e conduzimos entrevistas de off boarding», explica ainda o responsável, assinalando que «estas auscultações cuidadas representam a matéria-prima de trabalho». E muitas melhorias nasceram diretamente das equipas: ajustes no processo de integração, criação de novos canais internos de comunicação (intranet e TV) ou iniciativas como o Mercado de Natal, onde se combina solidariedade, economia circular e envolvimento comunitário.
Uma marca empregadora audaz
Pedro Quintas partilha que ambicionam «ser uma marca empregadora audaz dentro e fora da hotelaria, sustentada numa cultura adaptativa e num profundo foco no propósito». E agora estão a «evoluir do onboarding para o inboarding, a integrar storytelling na academia de formação e a avaliar a expansão do LUC [ver Em Foco] para sinergias nacionais e internacionais». «Queremos que cada pessoa viva feliz connosco e que sinta que o seu trabalho tem impacto real no negócio, melhorando-o», diz, para logo frisar: «Para nós, RH, trabalhar com propósito é o luxo que queremos atingir.»
Uma dimensão também muito importante no Bairro Alto Hotel é a que está relacionada com a saúde e o bem-estar. Pedro Quintas explica: «Para que as pessoas possam estar bem e a contribuir adequadamente no negócio, precisam de estabilidade, motivação e condições adequadas. A nossa política de Comp. & Ben. assegura um posicionamento competitivo, incluindo um ordenado mínimo significativamente superior ao nacional, seguro de saúde extensível à família, consultas de psicologia gratuitas, apoio total à mobilidade urbana na Grande Lisboa, majoração de dias de férias, benefícios de celebração pessoal (nascimento, casamento, aniversário), vacina da gripe, fardamento, lavandaria, refeitório gratuito, entre vários incentivos financeiros ligados aos resultados.» Trata-se de uma proposta de valor que «tem evoluído para criar um ambiente seguro, saudável e estimulante, onde além de condições também o clima é fundamental», diz, assinalando que nesse sentido «têm investido fortemente na capacitação das lideranças, determinantes no ambiente das equipas».
Pedro Quintas deixa ainda uma partilha, relacionada com a inteligência artificial (IA) e o impacto em termos de RH. «A IA tem otimizado processos e gestão de dados, mas reforçou igualmente a importância das competências humanas no futuro da hotelaria», diz, assinalando que «a tecnologia automatiza e as pessoas criam conexão emocional». Neste sentido, no Bairro Alto Hotel estão a «implementar soluções tecnológicas que libertam as equipas para se concentrarem naquilo que é verdadeiramente distintivo no contributo de cada pessoa». No fundo, trata-se de uma evolução para «modelos mais centrados no valor acrescentado de cada função, como o Perfil de Contribuição, que atualiza a forma de definir funções, para algo mais flexível e alinhado com o impacto do trabalho», sintetiza.
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EM FOCO
Práticas de RH em destaque
Entre as práticas de RH consideradas estruturantes no Bairro Alto Hotel, Pedro Quintas destaca duas: o LUC – Level Up Career e a Entrevista de Desenvolvimento.
«O LUC é o nosso modelo de carreira e uma peça central nesta transformação», diz. «Permite que cada colaborador compreenda claramente o percurso de evolução da sua função, com níveis bem definidos, a estrutura salarial associada, garantindo transparência salarial, e os requisitos que determinam a elegibilidade para progressão, incluindo formação, performance e consistência comportamental positiva». O responsável faz notar que «para além de transparência, o LUC tem despertado responsabilização e interesse no desenvolvimento individual, tornando o percurso de carreira mais justo e focado no mérito».
Quanto à Entrevista de Desenvolvimento, é o sistema de avaliação de desempenho do Bairro Alto Hotel, que «foi redesenhado para valorizar a relação interna entre líder/ colaborador e os comportamentos, alinhando-os com os valores da empresa». O Diretor de Recursos Humanos fala de «um sistema híbrido e robusto, que combina a avaliação quantitativa de comportamentos e competências, feedback de diferentes interlocutores e avaliação qualitativa». O processo, diz, «culmina num painel de calibração, garantindo que os resultados são justos e consistentes com os valores da empresa».
Uma nota ainda, além destes dois exemplos, para ações como a eleição do Colaborador do Trimestre/ Ano e o programa de integração Buddy, «onde um colaborador é tutor na integração do newcomer». Tudo isto «reforça o reconhecimento interno e o desenvolvimento», explica Pedro Quintas.