A procura de formação na área tecnológica, com especial foco em programação, por adultos em processo de reconversão de carreira tem crescido, impulsionada pela possibilidade de trabalho remoto, flexibilidade e também pela transformação digital e a necessidade de novas competências. Neste contexto, a inteligência artificial (IA) emergiu como uma ferramenta promissora para apoiar a aprendizagem, oferecendo soluções inovadoras e disruptivas do modelo de ensino atual.
Texto: Bruno Santos Imagem: Freepik
Adultos que procuram reconverter a sua carreira e escolhem a área de programação trazem formações heterogéneas e responsabilidades profissionais e/ ou familiares, requerendo flexibilidade e suporte personalizado na aprendizagem. As ferramentas de IA podem oferecer apoio individualizado e imediato, ajudando a colmatar lacunas de conhecimentos e a adaptar o ritmo de ensino às necessidades de cada um.
Entre as principais aplicações práticas da IA neste contexto destacam-se o feedback automático em que sistemas de IA conseguem avaliar o código desenvolvido – fornecem feedback instantâneo sobre correções e melhorias (o que permite ao formando corrigir erros e aprender com os mesmos); também o acompanhamento constante virtual e personalizado em que os chatbots e os assistentes virtuais baseados em IA podem atuar como tutores sempre disponíveis, respondendo a perguntas, explicando conceitos, desestruturando e orientando na resolução de problemas e um ritmo de aprendizagem mais adaptado, ou seja, a IA pode adaptar automaticamente o conteúdo e a dificuldade das atividades de acordo com o desempenho e o progresso de cada formando.
Apesar de todo o potencial da IA, o papel do formador continua a ser essencial. Cabe-lhe interpretar o percurso de aprendizagem de cada adulto, identificar necessidades que vão além do que a tecnologia consegue detetar e promover o pensamento crítico e criativo. O formador é o mediador que contextualiza o uso das ferramentas de IA; assegura a qualidade pedagógica e incentiva a colaboração e a reflexão – competências humanas que permanecem insubstituíveis, mesmo num cenário de ensino cada vez mais automatizado.
Em suma, a IA oferece um ambiente de aprendizagem responsivo e inclusivo, no qual adultos em transição de carreira podem beneficiar de apoio contínuo e de experiências formativas sob medida. Isso tende a aumentar a motivação e a resiliência do aprendiz adulto: mesmo perante projetos incompletos ou erros, a orientação próxima da IA incentiva uma atitude positiva de aperfeiçoamento do código em vez de frustração ou abandono. Tais vantagens posicionam a IA como catalisadora de metodologias de ensino mais dinâmicas e centradas no estudante, potencialmente melhorando os resultados de aprendizagem em programação.

Bruno Santos, Coordenador da Área de Formação em Development do Cesae Digital

O Cesae Digital renasceu em julho de 2020 no quadro dos novos desafios tecnológicos e sociais da digitalização. Estes desafios recomendam a criação de um centro de formação capaz de responder às necessidades de qualificação dos recursos humanos, indispensáveis para a afirmação de uma estratégia sustentável de crescimento económico e de coesão social. Este tipo de infraestrutura constitui um instrumento de política pública orientado para a manutenção e a melhoria das condições de empregabilidade dos ativos empregados e desempregados e para o desenvolvimento da competitividade na economia.
Assim, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Associação Empresarial de Portugal (AEP) acordaram a criação de um centro protocolar, o Cesae Digital – Centro para o Desenvolvimento de Competências Digitais, outorgado por protocolo entre ambas as entidades, publicado na portaria 169/2020, de 10 de julho.
O foco do Cesae Digital é promover a combinação de experimentação com inovação contínua como instrumento para o desenvolvimento das competências digitais e a adaptação a um ambiente tecnológico em constante transformação.
