André Ribeiro Pires, do Clan

«Tudo o que fazemos tem um foco comum: as pessoas.»

Texto: Redação «human» Fotos: DR

Como chegaram à decisão de apresentar o Clan como a nova marca que vos identifica?

A decisão de adotar o Clan como a nova marca surgiu da necessidade de unificar a identidade da empresa sob a égide da nossa vertente digital que é, sem dúvida, uma prioridade para o futuro. Quando em 2022 lançámos o Clan, já o fizemos enquanto representação da visão de futuro para a Multipessoal, porque materializou as soluções digitais que nos diferenciam no mercado. Depois de dois anos de consolidação da marca Clan no mercado B2C [business to consumer], a expansão para o B2B [business to business] com as ferramentas Pulse, que lançámos no último trimestre de 2024, tornou natural a transição para uma única marca que representasse todas as valências da empresa. A filosofia do Clan, focada na união e na colaboração entre pessoas, alinha-se com os valores da empresa, tornando a transição ainda mais necessária e coerente.

Como surgiu o projeto do Clan no vosso grupo empresarial?

Surgiu da necessidade de responder às mudanças no mercado de trabalho e à crescente digitalização dos processos de RH [recursos humanos]. Não apenas reconhecemos a importância da tecnologia na ligação entre talento e oportunidade, como queremos ser também a referência nacional da colocação da tecnologia ao serviço das nossas várias áreas de atuação. Foi nesse contexto que o Clan surgiu, primeiro como solução 100% digital que simplifica e otimiza o processo de procura de emprego, e agora como marca que une toda a nossa operação.

Que impacto consideram que teve no mercado?

O impacto mais evidente reside no facto de o Clan ter sido a primeira solução do género a ser introduzida no mercado, atestando, uma vez mais, o pioneirismo que tem vindo a caracterizar a Multipessoal – agora Clan – ao longo de mais de três décadas. Para lá disso, o Clan foi sem dúvida impactante porque mostrou uma nova face da procura de emprego, na qual os profissionais podem tirar partido de uma ferramenta de procura mais ágil, mais simples e que mais facilmente os leva ao tipo de oportunidades que procuram e onde procuram. Isso, naturalmente, refletiu-se também nas empresas que colocaram as suas oportunidades no Clan, uma vez que o tipo de perfis que lhes chegam está agora muito mais próximo daquilo que efetivamente pretendem.

Que estratégia têm para a marca a partir de agora, no início de 2025?

Em 2025 estaremos focados na consolidação da marca Clan enquanto sinónimo de inovação e excelência em RH digital. Isso inclui uma aposta forte na comunicação da mudança de marca e da expansão dos serviços B2B, através do Pulse e (in)Pulse, que serão também centrais na estratégia. Paralelamente, continuaremos a reforçar uma mensagem que nos define e que nunca abandonaremos: tudo o que fazemos, desde o nosso trabalho diário às soluções que lançamos e que levam meses a desenvolver, seja para candidatos, colaboradores ou para empresas, tem um foco comum: as pessoas.

O que trazem para a marca de um trajeto de mais de três décadas como especialistas em RH e gestão do talento?

O Clan herda da Multipessoal a experiência e o conhecimento acumulados em mais de 30 anos no mercado de RH, bem como um constante desejo de antecipar tendências, para que possamos estar sempre entre os primeiros a oferecer respostas a essas tendências. Por outro lado, essa experiência traduz-se num profundo conhecimento das necessidades de candidatos e empresas e numa credibilidade e reputação que têm vindo a ser construídas ao longo dos anos e que são um ativo valioso para a marca Clan desde o seu primeiro dia.

Como tem sido experienciada a transformação digital no vosso grupo? Pelas vossas pessoas, pelo mercado…

Sendo certo que a transformação digital pode ser, por vezes, um cenário assustador – na medida em que quando falamos de evolução tecnológica nunca poderemos fazer mais do que previsões mais ou menos acertadas –, a verdade é que sempre procurámos olhar para a transformação digital com entusiasmo porque sabemos que é isso que faz avançar o nosso mercado. Nesse sentido, temos escolhido olhar para a transformação digital como um mundo de oportunidades. Porque é graças a ela que surgem soluções como o Clan e é também graças a ela que os nossos colaboradores ganham espaço para a aquisição de novas competências e a adoção de novas ferramentas e processos.

Da nossa experiência, podemos constatar que os candidatos e colaboradores olham para esta transformação de uma forma muito única, pois estamos a lidar muitas vezes com pessoas que não nos comparam com o que éramos, mas sim com toda a oferta. Estão a ter a primeira experiência de emprego da vida e escolheram o nosso ecossistema. A satisfação que é comprovada pelos resultados qualitativos que temos sido avaliados, bem como pelo reconhecimento público enquanto Best Tech Experience, validam que o caminho escolhido é o certo e com certeza o mais próspero. Do lado das empresas em Portugal, a experiência já tem uma abrangência maior, pois lidamos com bastantes clientes que resultam de longas relações e que acompanharam de perto a mudança, celebrando connosco e reconhecendo o papel inovador, diferenciador e positivo que temos no mercado. Hoje já podemos dizer que conquistámos novas relações, por via da transformação, tanto nos produtos mais tradicionais como nos novos produtos que nasceram com esta transformação, tal como o Recruitment Marketing ou a Consultoria Digital, em que em muito pouco tempo já somos uma referência.

Podemos encontrar um momento em que a transformação começou?

A transformação digital foi um processo gradual, mas podemos dizer que começou no dia em que começámos a desenvolver o Clan, muito antes de o lançarmos.

Na minha opinião, a transformação era desejada por todos mesmo antes de ser uma prioridade na organização. Nenhum de nós, a desempenhar qualquer profissão que seja, em qualquer sector de atividade, tem prazer em trabalhar em ambientes burocráticos e complexos e essa alavanca é o elemento essencial para que a transformação seja também ela um elemento orgânico da evolução da organização e do ambiente de trabalho.

Recordo-me de que o sector tinha uma postura prepotente, obrigando os candidatos a dirigir-se a lojas para pedir emprego, preencher fichas de inscrição em papel que se sobrepunham ao currículo e tantos outros exemplos de ineficiência que não beneficiava candidatos, especialistas em recursos humanos e as empresas que precisam de talento «para ontem». Com este ponto de partida, o momento em que a transformação começou foi com certeza o dia em que decidimos que o futuro era estar próximo de todos os que de nós precisam, independentemente do canal, do momento ou do local.

E onde poderá chegar, digamos, nos próximos cinco anos?

Voltamos à questão da futurologia. A verdade é que não sabemos, mas isso entusiasma-nos. Podemos, no entanto, afirmar com segurança que nos próximos cinco anos queremos continuar a cimentar a nossa posição de liderança na oferta de soluções digitais de RH em Portugal, tirando partido da proliferação de novas ferramentas que têm surgido, por exemplo, com o advento da inteligência artificial.

Sabemos que enquanto liderarmos a criação de novas soluções, vamos estar um passo à frente e, com isso, vamos ajudar pessoas e empresas a crescer e desenvolver a sociedade e a economia.

Como olha para o nosso tecido empresarial neste ambiente de grande transformação?

Se por um lado o tecido empresarial português demonstra uma crescente abertura à transformação digital e reconhece a sua importância para a manutenção da competitividade das empresas e do seu crescimento no mercado, por outro existem ainda desafios a ultrapassar. É notório, por exemplo, que o tecido empresarial português ainda padece de grandes desequilíbrios. É fácil ficarmos empolgados quando falamos das possibilidades que nos são dadas pela transição digital ou pelas ferramentas de inteligência artificial, mas não podemos esquecer-nos de que o acesso a estas tecnologias ainda é muito desequilibrado. Não apenas por uma questão financeira, mas também por questões de literacia digital.

Esta situação é igualmente afetada pela configuração do tecido empresarial português, onde as micro e pequenas empresas assumem um peso de cerca de 99%, sendo a pressão para os resultados ainda mais evidente e a dificuldade em massificar claramente maior.

Estou em crer que o incentivo deverá partir também do sistema governativo, através da criação e da potenciação de incentivos à digitalização, bem como pela transformação dos próprios organismos, potenciando a experiência de cidadãos e empresas e com isso incentivar a mudança e a evolução constantes.

Se nos focarmos no tema do talento, como vê as necessidades das empresas?

As empresas precisam urgentemente de talento qualificado num mercado competitivo e em constante transformação. Para isso procuram não apenas profissionais com competências digitais, como a análise de dados ou o marketing digital, mas que tenham também uma enorme capacidade de adaptação e de aprendizagem continua, que responda ao ritmo rápido de mudança em que vivemos. Importa, no entanto, lembrar que para isso as próprias organizações têm de procurar ir ao encontro das prioridades e necessidades dos profissionais.

É possível dar boas respostas a essas necessidades? O que pode ser verdadeiramente importante para ter sucesso nesse objetivo?

É possível dar boas respostas a essas necessidades e parte desse esforço passa pelas próprias empresas, que precisam de uma abordagem estratégica e abrangente. Não basta oferecer um bom salário, é necessário criar um ambiente de trabalho atrativo e alinhado com os valores dos profissionais. Compreender as motivações dos candidatos, investir no desenvolvimento contínuo, promover a flexibilidade de horário e local de trabalho, garantir uma efetiva diversidade e inclusão ou promover o alinhamento de valores entre a organização e os profissionais no mercado, são tudo estratégias que as empresas podem levar a cabo para se tornarem mais atraentes e eficazes na satisfação das suas próprias necessidades de talento.

Portugal tem de adaptar a sua capacidade de atração e retenção de pessoas, de acordo com a sua estratégia de atração de investimento. É importante garantir a formação superior, mas também investir em formação técnico-profissional para dar resposta a necessidades emergentes e imediatas sem colocar em causa o futuro das organizações e da competitividade nacional. Continuamos a ver regularmente empresas a procurar outros mercados por falta de talento em Portugal.

Como se sente na liderança de um projeto como este, agora com a marca Clan?

Há muito que gosto do que faço e que me sinto realizado com o que tenho vindo a desenvolver nesta empresa. Ainda assim, é claro que os dias que temos pela frente serão ainda mais entusiasmantes. Não apenas graças à mudança de marca, mas pela gratificação que vem de trabalhar numa empresa inovadora como o Clan, que proporciona as soluções que nós proporcionamos e que ocupa um lugar tão decisivo na transição digital dos RH que nós ocupamos.

Quem gosta de trabalhar em ambientes de transformação e mudança, consegue encontrar no Clan o espaço para o fazer continuadamente, pois a única certeza que temos é de que iremos evoluir a nossa transformação com mais transformação e mais evolução.

E a trabalhar no mundo da gestão das pessoas? Que desafios sente que esse mundo lhe apresenta?

Existe um sentimento muito presente sobre os gestores de empresas e de pessoas: a expectativa de que as soluções estão pensadas e que existem respostas para todos os desafios. Este preconceito foi provavelmente alimentado nos primórdios com as práticas totalitárias que influenciaram o emprego no mundo, mas atualmente provoca o risco de que a profissão de gestor seja uma profissão muito solitária. Dar espaço às novas lideranças e à potenciação do talento é o caminho que queremos potenciar e seguir.

O mundo da gestão de pessoas consegue ser tão desafiante quanto gratificante. Desafiante porque implica lidar com a complexidade humana e com diferentes motivações, e constantes mudanças no mercado de trabalho exige capacidade de adaptação, empatia e visão estratégica. Gratificante porque – não nos cansamos de repetir – fazemos o que fazemos a pensar, em primeiro lugar, nas pessoas. Para nós não há nada melhor que ligar as pessoas ao emprego.

Como coloca esta área em termos do mundo corporativo, comparada com outras áreas, como a financeira ou a de tecnologia?

Enquanto empresa, o Clan tem dado passos importantes para fazer parte dos vários mundos corporativos, na medida em que deixou de potenciar o seu core pela colocação de pessoas e tem atualmente um portfólio de produtos próprios e exclusivos que cobrem as diversas áreas, sem nunca perder a nossa identidade e a nossa essência.

A área de gestão de pessoas é tão crucial como outras áreas, como a financeira e a tecnológica, por exemplo. Enquanto a tecnologia e as finanças fornecem recursos e ferramentas, as pessoas são e continuarão a ser o motor do sucesso de qualquer organização. Investir nas pessoas é investir no futuro de uma empresa.

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André Ribeiro Pires é membro do Executive Board do Clan (anteriormente Multipessoal) desde outubro de 2018 e ocupa a posição de chief operating officer (COO), sendo responsável por liderar a transformação digital da organização. Licenciado em Engenharia de Sistemas Multimédia e pós-graduado em Digital Enterprise Management, pela Universidade Nova de Lisboa, liderou entre 2014 e 2018 a área de inovação e desenvolvimento da Randstad Portugal, através da criação de produtos, soluções e novos modelos de negócio, bem como na gestão de projetos globais. Anteriormente, desempenhou funções na Portugal Telecom, liderando vários projetos e equipas na área de customer excellence. Iniciou a sua carreira em 2006, como empreendedor, estando envolvido em diversos negócios digitais e tecnológicos. Assume-se como um acelerador que aplica a tecnologia na transformação e na simplificação dos processos de negócios, proporcionando alta performance.

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