Antecipam-se desafios significativos no alinhamento entre as organizações, que procuram reforçar a sua cultura corporativa através do retorno ao trabalho presencial, e os colaboradores, que continuam a demonstrar uma preferência crescente pela manutenção do trabalho híbrido, ou remoto. É um cenário que coloca as empresas numa encruzilhada.
Texto: Álvaro Fernández Imagem: Freepik/ DC Studio
Num mercado de trabalho em permanente evolução, o próximo ano apresenta-se como um verdadeiro teste de resiliência para as empresas. Perante um conjunto acelerado de transformações que impactam a gestão de recursos humanos, alinhar as tendências globais às realidades e especificidades locais surge como um desafio estratégico de grande relevância.
Com o contexto laboral cada vez mais volátil e regulamentado, as organizações devem reagir de forma ágil e eficaz, adaptando-se às crescentes exigências. À medida que as empresas procuram corresponder às expectativas dos profissionais relativamente à remuneração – que continua a ser um fator decisivo no recrutamento –, há outros fatores que não podem ser descurados, como o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, flexibilidade no trabalho e uma cultura empresarial positiva, que valorize a inclusão e a diversidade. Um desafio cuja resposta passa pela agilidade e reformulação da visão estratégica.
Em 2025, são muitos os fatores que continuarão a influenciar a avaliação salarial, nomeadamente a escassez estrutural de perfis qualificados e a incerteza económica, que exige uma atitude cautelosa por parte das empresas. Por outro lado, o avanço tecnológico e a crescente utilização de ferramentas de inteligência artificial, mudanças nas políticas corporativas e a preocupação com a sustentabilidade, são tendências que irão moldar o mercado de trabalho no próximo ano.
O estudo de remuneração que acabámos de lançar, disponível no nosso site, onde se encontra uma das mais completas pesquisas salariais e análise das tendências de contratação no mercado português, é um instrumento fundamental e completo de apoio ao planeamento das carreiras e aos modelos de contratação das empresas. Nesta edição do estudo observamos novos desafios, incluindo o desenvolvimento de competências e a intensa competição por talentos, especialmente em sectores como o tecnológico e a indústria. Adicionalmente, antecipam-se desafios significativos no alinhamento entre as organizações, que procuram reforçar a sua cultura corporativa através do retorno ao trabalho presencial, e os colaboradores, que continuam a demonstrar uma preferência crescente pela manutenção do trabalho híbrido, ou remoto. É um cenário que coloca as empresas numa encruzilhada, na medida em que terão de responder às crescentes exigências dos candidatos em termos de salário, condições de trabalho e cultura empresarial, enquanto enfrentam, simultaneamente, restrições económicas e a necessidade de se adaptarem à nova regulamentação, como a diretiva europeia sobre transparência e equidade salarial.
As movimentações profissionais serão impulsionadas pelas expectativas salariais, mas também por fatores como a flexibilidade no trabalho, a cultura empresarial e a valorização de soft skills e hard skills, que se constituirão como pilares na construção de uma força de trabalho resiliente e preparada para o futuro. Uma tendência observável em praticamente todos os sectores.
De um modo geral, as empresas continuam a privilegiar candidatos com elevada especialização, embora valorizem também a versatilidade. Backgrounds consolidados, capacidade de comunicação e empatia, por exemplo, são competências muito valorizadas. Os profissionais em posições de gestão devem demonstrar capacidade para lidar com a pressão e as incertezas do ambiente económico, aliando competências de liderança à versatilidade e à adaptabilidade.
As transformações, que vão da inteligência artificial à digitalização, passando pela procura de alta performance e gestão de riscos estratégicos, acentuam a complexidade dos desafios do mercado de trabalho em 2025 e refletem a necessidade de inovação e agilidade nas organizações.
À medida que avançamos para um futuro moldado por estes fatores, a capacidade de adaptação das empresas e dos profissionais às novas dinâmicas do mercado deixa de ser apenas uma vantagem para se tornar num imperativo estratégico. Num cenário marcado pela imprevisibilidade e pela volatilidade, as empresas que ajustarem proativamente as suas estratégias, promovendo políticas sólidas de diversidade e inclusão, estarão melhor posicionadas para atrair e reter os melhores talentos. Um alinhamento que não será apenas uma resposta às atuais tendências, mas uma alavanca decisiva para a competitividade sustentável no longo prazo.

Álvaro Fernández, Diretor Geral da Michael Page em Portugal
Michael Page
A Michael Page é uma das consultoras de recrutamento em maior destaque mundialmente, com mais de 40 anos de experiência e 139 escritórios em 37 países. Especializada no recrutamento de quadros médios e superiores, a empresa é reconhecida por sua abordagem consultiva e pelo profundo conhecimento de mercado.