«Ele não é teu amigo, é teu colega de trabalho.» «A vida pessoal fica da porta para fora.» «Não estou aqui para fazer amigos, só o meu trabalho.» Quantas vezes ouvimos essas frases? Pior, quantas vezes acreditamos nelas?
Texto: André Bocater/ Mauro Cunha Imagem: Katemangostar/ Freepik
Estudos recentes, como os do Instituto Amuta + Lúcidas, mostram que as amizades são fundamentais para a felicidade no trabalho. Ter amigos próximos pode aumentar a satisfação em 50%, enquanto aqueles que têm um «melhor amigo» no trabalho são sete vezes mais engajados. Por outro lado, a solidão no ambiente profissional dobra as chances de demissão e eleva o absentismo, custando milhões em produtividade.
Apesar disso, a ideia de que devemos separar trabalho e amizade ainda persiste. Essa visão ignora que, biologicamente, somos programados para estar em conexão. A amizade no trabalho liberta substâncias como serotonina e dopamina, essenciais para nosso bem-estar.
Agora, imagine passar um terço da sua vida (sim, este é o tempo médio que uma pessoa passa trabalhando) com dificuldades para se conectar com colegas… Complicado, não? Pois essa é a realidade em equipas com muitas pessoas solitárias, onde colaborar e contribuir se torna um desafio, impedindo a geração de bons resultados para a organização.
Formar amizades no trabalho pode ser ainda mais difícil em ambientes enviesados
O viés de afinidade, por exemplo, pode levar à formação de grupos que excluem outros colegas, criando barreiras invisíveis na equipa. O viés de confirmação pode distorcer a objetividade em avaliações de desempenho, favorecendo amigos de forma inconsciente. Além disso, as amizades podem ser interpretadas de maneira diferente dependendo do gênero, complicando ainda mais a dinâmica no ambiente de trabalho.
É aqui que a cultura ágil se torna relevante. Ao promover um ambiente colaborativo e inclusivo, onde todos têm voz, ela ajuda a mitigar esses vieses e a criar laços que fortalecem as equipas.
As lideranças têm um papel crucial em fomentar esse ambiente, garantindo que as amizades floresçam sem comprometer a equidade. Afinal, funcionários felizes são mais produtivos, comprometidos e, sobretudo, menos propensos a deixar a empresa.
Dito isso, por que diabos ainda existe a crença de que não devemos ter amigos, especialmente na liderança?
Em suma, é hora de abandonar mitos ultrapassados. Amizades no trabalho não são apenas desejáveis, são essenciais para o sucesso de qualquer organização.
Todos ganhamos.
André Bocater
Co-Founder, wBrain/ Partner, Knowledge Group
Mauro Cunha
Enterprise Agile Coach, wBrain
A wBrain é a empresa de desenvolvimento do Knowledge Group, um ecossistema global com mais de 10 anos de legado, transformando pessoas e negócios.