Adaptando as prioridades para um mundo BANI
A importância de uma boa estratégia de benefícios

Num mundo cada vez mais BANI (brittle, frágil; anxious, ansioso; nonlinear, não-linear; incomprehensible; incompreensível), também as abordagens mais convencionais deverão evoluir para enfrentar os desafios imprevisíveis e as rápidas mudanças que caracterizam este novo paradigma.

Texto: Elsa Carvalho Foto: DR

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Num estudo recente realizado pela WTW («WTW Talent Attraction and Retention Survey»), as empresas relatam três vezes mais dificuldade de atração e quatro vezes mais dificuldade de retenção, pelo que a gestão eficaz de benefícios não é apenas uma responsabilidade funcional, mas uma estratégia diferenciadora que impacta na gestão global.

Deste modo, uma boa estratégia de benefícios:

1. Maximiza a capacidade de atrair e de reter

A compensação não se limita às componentes de remuneração (fixa e variável). Uma boa estratégia de benefícios oferece diferentes opções e soluções adaptáveis e que constituam escolhas de acordo com a valorização, as prioridades e o estádio de vida de cada colaborador. Um plano de saúde abrangente, programas de bem-estar e flexibilidade no trabalho são fatores decisivos para candidatos e colaboradores, a par com investimentos a médio prazo como um plano de pensões sustentável.

2. Adapta-se às necessidades emergentes

A flexibilidade e a personalização dos benefícios são essenciais para corresponder às expectativas em constante evolução dos colaboradores. Nesse sentido, uma gestão que valorize a auscultação e a voz dos colaboradores, a par com informação sobre as tendências de mercado, permite antecipar soluções valorizadas pelas partes e diferenciar. De salientar que cerca de 75% das empresas que participaram no estudo da WTW «Benefits Trends Survey de 2023» têm já essa prática.

3. Reforça a construção de uma cultura empresarial

Os benefícios disponibilizados moldam também a cultura empresarial. A oferta de benefícios que refletem os valores da empresa contribui para a construção de uma identidade e uma cultura organizacional sólida. Essa coesão cultural aumenta o compromisso e o alinhamento. Deste modo, os benefícios deverão ser vistos e comunicados como uma extensão dos valores, fomentando-se um ambiente de trabalho de confiança e consistência. De salientar que benefícios que promovem a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa são cada vez mais valorizados. Programas que apoiam causas sociais e práticas éticas não apenas beneficiam a sociedade, também aumentam a reputação e a atratividade da empresa.

4. Impacta positivamente a produtividade

Esta decorre não só pelo facto de colaboradores que se sentem valorizados tenderem a ser mais comprometidos e produtivos como pelos investimentos que são realizados. Refiro-me especificamente a planos de saúde acessíveis, programas de desenvolvimento profissional, programas de bem-estar e opções de trabalho flexíveis. Uma boa estratégia de benefícios permite reduzir o absentismo, aumenta o envolvimento dos colaboradores com as suas funções e contribui para a melhoria da saúde geral.

5. Permite uma otimização com vantagens fiscais

Uma gestão eficaz de benefícios permite, para além de uma otimização do financiamento crucial para a sustentabilidade do programa, vantagens fiscais para a empresa e o colaborador. A otimização do financiamento contribui para a gestão eficaz dos custos, algo especialmente significativo no ambiente económico atual. A capacidade de equilibrar os benefícios oferecidos aos colaboradores com os recursos disponíveis é uma componente vital da estratégia de sustentabilidade de longo prazo. Adicionalmente, o sistema fiscal português oferece incentivos e deduções específicas para empresas que investem em determinados benefícios.

Assim, numa era em que os recursos humanos são reconhecidos como o verdadeiro diferencial competitivo, a gestão eficaz de benefícios emerge como uma estratégia fundamental com vantagens múltiplas. Investir numa estratégia pensada a curto e médio prazo, numa ótica de benefício e sustentabilidade, permite ter um fator de diferenciação perante os desafios de atração, retenção, produtividade e otimização dos investimentos.

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»»»» Elsa Carvalho é head of business development da WTW Portugal. A WTW fornece soluções com base numa abordagem analítica e no conhecimento em temas ligados a Pessoas, Risco e Capital, visando tornar as organizações mais resilientes, motivando a sua força de trabalho e maximizando o seu desempenho.