O digital, o investimento em pessoas e o trabalho remoto

Num mundo cada vez mais digital, o remoto é um método de trabalho que conquistou muitas pessoas em Portugal. Apesar de não ser aplicado a todas as realidades, o trabalho híbrido ou remoto pode ser um voto de confiança dado pelas empresas, algo que de forma saudável pode trazer um retorno na produtividade de cada pessoa. Esta foi apenas uma pequena aprendizagem do sector empresarial durante um contexto especial nos últimos anos e a prova de que é possível gerir a satisfação das pessoas e encontrar um balanço entre o trabalho e a vida pessoal.

Texto: João Pereira

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Apesar de neste momento o trabalho remoto já não ser propriamente novidade, a verdade é que as empresas portuguesas ainda estão a encontrar a sua forma de trabalhar nesta tipologia.

Em muitos dos casos, são já notórias as diferenças a nível de comunicação, gestão de pessoas e retorno das próprias empresas. Mas com este crescimento surgem novos desafios: necessidade de aumentar a equipa, rever recursos e métodos que não são mais escaláveis e escolher as pessoas certas para a filosofia da empresa.

Falamos então de desafios de recrutamento, formação e gestão, que juntando tudo num bolo, tem de oferecer uma receita com retorno. Se colocarmos ainda o digital como o ingrediente extra, e resultar, este pode ser um ponto de aceleração no tecido empresarial.

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Adaptação ao digital

Numa perspetiva do mercado de intermediação de crédito, vimos desde 2018 claramente um novo paradigma relativamente ao contato humano.

No geral, esta era uma mudança esperada e que apenas foi forçada durante o contexto da pandemia, visto que o dinheiro físico era para muita gente um bem obsoleto e os contactos pessoais passavam principalmente a ser digitais.

Neste meio, foi fácil perceber que com o aumento claro da procura por crédito pessoal, que requer uma resposta rápida para o cliente. Foram necessários ajustes internos, como o aumento dos recursos humanos e não só, e esforços para formar pessoas e oferecer uma proposta mais qualificada ao mercado.

O facto de um serviço querer oferecer uma proposta praticamente 100% digital, significa que por trás dos bastidores exista um reforço redobrado na formação, monitorização de qualidade no suporte ao cliente e também no material tecnológico necessário.

Todos estes gastos não são necessariamente custos, mas sim investimentospara oferecer melhores condições a quem presta serviço e obter retorno com o cliente final.

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Desafios remotos

Sendo as startups principalmente conhecidas por quebrarem barreiras no digital, estas disseram também presente naqueles que eram os métodos tradicionais de trabalho.

Falamos naturalmente do trabalho remoto ou híbrido, que pode oferecer outro tipo de qualidade de vida pessoal, e isso pode ser um motor no local de trabalho.

Independentemente da tipologia do trabalho, a confiança é um pilar fundamental para que a relação entre a entidade e a equipa resulte. O mesmo acontece no trabalho remoto, que está ainda a encontrar o seu rumo em Portugal, mas que deixou de ser apenas uma tendência.

Ainda assim, o tecido empresarial tem grande parte dos trabalhadores em regime presencial. Ainda que seja difícil de medir a razão de todas as empresas, porque o simplesmente o tipo de atividade pode não se enquadrar com o remoto, existem alguns desafios quando falamos de ramos mais tradicionais.

Um desafio óbvio é o incentivo à comunicação, à união em equipa e a partilha de conhecimento. Algo que é ainda visto como apenas sendo possível com um regime presencial para todos os trabalhadores. Todavia, do ponto de vista de gestão de equipa, existem em 2022 todos os recursos tecnológicos necessários para quebrar este paradigma.

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Contexto com o mercado de crédito

É óbvio que nem todos os sectores conseguem aplicar todas estas ideologias nos seus métodos de trabalho. Ainda assim, a banca muito conhecida como método tradicional provou que também consegue oferecer crédito 100% digital.

Colocar pessoas a trabalhar remotamente e oferecer serviço ao cliente sem que seja necessário deslocar-se aos balcões são provas das mudanças que este setor conheceu.

Ora, esta mudança obrigou definitivamente a uma reestruturação de processos extremamente burocráticos, mas que no fim de contas foi um trabalho que se tornou em investimento tendo em conta o peso que retirou ao cliente final.

A Gestlifes passou por esta reestruturação e digitalização de recursos, não sendo já uma novidade para quem entra na empresa que o posicionamento é feito para as pessoas através de um serviço on-line.

Uma equipa feita de seis pessoas em 2018, escalou para 21 em 2022. E com previsão de aumentar até ao final 2023, a ideia de que é possível oferecer serviços digitais e com diferentes tipos de regime de trabalho não vai ser abandonada.

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»»»» João Pereira é chief executive officer (CEO) da Gestlifes, uma intermediadora de crédito on-line, registada no Banco de Portugal, A empresa destaca-se por permitir ao cliente que o processo seja 100% on-line (inclusive a documentação). Foi criada em 2018 e a sua curva de crescimento tem sido bastante positiva e rápida.