Em apenas nove meses, o mundo, tal como sempre o conhecemos, mudou. Esta mudança, motivada pela pandemia de Covid-19, obrigou-nos a repensar e a reconverter estratégias e modelos de negócio, num contexto em que o trabalho à distância, a gestão remota das equipas e o desenvolvimento de competências via on-line se tornou o novo normal.
Texto: Jorge Lopes
Algumas das estratégias implementadas, desde março, para dar continuidade ao desenvolvimento de competências, remetem para três tipos de modalidades de formação remota: e-learning (assíncrona), live training (síncrona) e b-learnin’ (mix das duas). Hoje, imergir nestes recursos tecnológicos é quase como um pré-requisito, se queremos garantir a continuidade da competitividade de profissionais, equipas e empresas. No entanto, a ideia de «falta de interação social» nestes recursos é um dos principais handicaps a esta adoção.
Para corroborar esta afirmação, um estudo realizado pela Barnes & Noble College Insights a uma amostra de estudantes universitários nos Estados Unidos, relativamente à adaptação dos métodos de aprendizagem on-line como forma de prevenção de propagação do Covid-19, destacou que mais de metade dos estudantes (60%) estavam razoavelmente preparados para encarar esta nova realidade. Apesar do pensamento positivo, mais de metade dos inquiridos (55%) temia, principalmente, pela falta de interação social com os colegas.
Em Portugal, e focando-nos no caso da Rumos, quando em março encerraram temporariamente os centros de formação de Lisboa e Porto, como medida de segurança, e as ações de formação presenciais tiveram que transitar para o formato on-line síncrono, também mais de metade (56%) dos formandos estava reticente relativamente a esta modalidade de Live Training. De abril a junho, a Rumos realizou um ciclo de webinares gratuitos, em Live Training, nas várias áreas das tecnologias da informação, onde os participantes puderam experienciar o ambiente de sala de aula virtual, colocar questões em tempo real ao formador, acompanhar e participar em laboratórios técnicos e interagir com os outros participantes. Este ciclo de webinares contou com a participação de mais de 3.000 pessoas e, numa escala de 1 a 4, a avaliação média feita pelos formandos à sua experiência formativa síncrona foi de 3,9.
Criar oportunidades de diálogo, de autorreflexão, de partilha e de colaboração torna possível a humanização da aprendizagem remota. A dinamização de uma formação numa sala virtual pode, e deve, traduzir-se numa experiência imersiva para o formando: o acompanhamento próximo e em tempo real por parte do formador, integração de quizzes e de ferramentas colaborativas que incitem à partilha de feedback, proporcionar espaços de perguntas e respostas, breakout rooms para trabalhos em grupo, demonstrações ao vivo ou a dinamização de exercícios hands-on, tudo se conjuga num momento de conexão e interação virtual síncrono.
É sobre estes moldes que decorre a oferta formativa da Rumos na modalidade de Live Training. Mesmo a oferta assíncrona na Rumos ganhou uma extensão síncrona e foram criados novos programas de formação em blended learning quer para particulares, como é o caso dos bootcamps na área de programação, quer para empresas, com as Corporate Upskilling Tracks. O b-learning consegue, efetivamente, oferecer o melhor dos dois mundos: a junção das duas modalidades, assíncrona e síncrona; permite, por um lado, preservar a flexibilidade da aprendizagem, estando o próprio formando encarregue de gerir o seu momento de aprendizagem (no caso da formação para empresas, como as Corporate Upskilling Tracks, o facto de os participantes não terem de estar reunidos no mesmo local ou ao mesmo tempo, permite às organizações não terem uma equipa inteira dedicada à formação em simultâneo e poderem assegurar, assim, o normal decurso da atividade); por outro lado, a formação é enriquecida com momentos síncronos que permitem preservar a tão importante interação e conexão entre os participantes.
A experiência formativa presencial sempre foi a modalidade de preferência, mas é sem dúvida possível replicar essa experiência e criar uma abordagem humanizada num ambiente virtual, preservando a conexão, a interação e o engagement entre os formandos.
»»»» Jorge Lopes é diretor da Rumos Formação