«Humor Maligno», no CCB
Perigos do riso e do humor

O espetáculo «Humor Maligno», da Companhia Maior e com encenação de Pedro Penim, vai subir a palco no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, amanhã, dia 21, a partir das 18 horas.

Texto: Redação Human

 

«Humor Maligno» tem texto de Pedro Penim com Hugo van der Ding.

Ano de 1782, Londres. Uma viúva, Mrs. Fitzherbert, morre por ter rido durante mais de 24 horas seguidas depois de assistir a «The Beggar’s Opera». Sentada na plateia, começa a rir quando entra em cena um ator travestido de Polly Peachum. É um ataque de riso de tal ordem que faz com que tenha de sair da sala ainda antes de acabar o segundo ato.

O obituário publicado no «The Gentleman’s Magazine» relata que a mulher tinha sido incapaz de tirar a figura teatral da memória, tendo entrado num estado de histeria tal que o riso durou desde a noite de quarta-feira até à manhã de sexta, quando finalmente morreu.

«Mrs. Fitzherbert não só era uma grandessíssima duma transfóbica como levou um bocadinho mais longe do que é comum a ideia de rir até ficar sem ar», pode ler-se num texto do encenador, que explica: «A este processo chama-se ‘Hilaridade Fatal’, a morte por ataque de riso até à asfixia, ao ataque cardíaco, ao pneumotórax…»

O encenador refere ainda o facto de em 1939 («um ano em que parecia que ninguém queria/ podia rir») André Breton ter publicado a primeira versão da «Antologia do Humor Negro», cunhando assim «um termo que permite que nos riamos da desgraça dos outros (da desgraça ponto), dando a experimentar a gargalhada e o desconforto, muitas vezes em simultâneo». E conclui: «Rir dói. E é isso o ‘Humor Maligno’. É o humor do calabouço.»

A Companhia Maior, em residência no CCB, é composta por artistas com mais de 60 anos de idade, provenientes de diversos quadrantes da criação artística (dança, teatro, música… ) e com diferentes experiências. Foi criada em 2010, por iniciativa de Luísa Taveira, com a missão de promover a criatividade na idade maior, em contacto com as várias gerações de criadores e no contexto interdisciplinar da criação contemporânea, de valorizar saberes adquiridos e aperfeiçoados ao longo do tempo e de proporcionar as condições para a sua expressão e a sua comunicação. Para a concretização dos seus objetivos, a companhia tem atividades em duas vertentes: produção e apresentação de espetáculos, por um lado, e realização de atividades de formação (ateliers, seminários, workshops e residências artísticas), por outro.

Vídeo sobre o espetáculo abaixo.

Nota: foto de Bruno Simão