Edição 11 do «MOTELX»
«Super Dark Times» na abertura e «IT» no encerramento

A décima primeira edição do «MOTELX» vai decorrer de cinco a 10 de setembro, em Lisboa. Propõe mais de 70 sessões para mostrar o melhor do cinema de terror criado em Portugal e além-fronteiras. Workshops, atividades para os mais novos, apresentações e masterclasses com Roger Corman e Alejandro Jodorowsky completam o programa do festival, mas antes há warm-up com cinema ao ar livre, concertos e homenagem a George A. Romero.

Por António Manuel Venda

 

É já daqui a duas semanas que arranca o «MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa». A sessão de abertura, no dia cinco de setembro, traz «Super Dark Times», filme «alternadamente sensível e gore» do norte-americano Kevin Phillips que retrata a passagem traumática da adolescência à idade adulta e que tem gerado comparações com «Stand by Me» e «Donnie Darko». O encerramento do festival, no dia 10 de setembro, faz-se com «IT», adaptação do best-seller de Stephen King por Andy Muschietti, que já tem história com o filme com o trailer mais visto de sempre no dia de lançamento (197 milhões de visualizações) e que marca o regresso de Pennywise, o palhaço maléfico dos nossos pesadelos.

Há muito mais a não perder nos seis dias de «MOTELX», a começar pelos filmes de Roger Corman e Alejandro Jodorowsky, lendas vivas do cinema e convidados de honra deste ano. O «Culto dos Mestres Vivos» começa no dia seis com uma masterclass e uma sessão de autógrafos de Corman, seguidas do interessante e invulgar «X: The Man With the X-Ray Eyes». No dia seguinte passa «The Masque of the Red Death». Com uma direção de fotografia e uma atmosfera fantasmagórica ímpar, é considerado o apogeu das suas oito adaptações de Edgar Allan Poe.

A masterclass e a sessão de autógrafos de Jodorowsky estão marcadas para o dia nove e antecedem a exibição de «Santa Sangre», demonstração incomparável da sua inspiração e do seu génio com tanto de bizarro como de erótico. Para o dia 10 está reservado «El Topo», filme místico de pistoleiros, sangue e carnificina com que o psico-mago chileno se tornou pioneiro das sessões da meia-noite e que aqui se exibe numa cópia única de 35 milímetros.

Destaque também para os oito filmes em competição pelo «Prémio MOTELX – Melhor Longa de Terror Europeia/ Méliès d’Argent», todos em estreia nacional. São eles «Animals», de Greg Zglinski (Suíça/ Áustria/ Polónia), «Cold Hell», de Stefan Ruzowitzky (Alemanha/ Áustria), «Kaleidoscope», de Rupert Jones (Reino Unido), «Lake Bodom», de Taneli Mustonen (Finlândia/ Estónia), «The Limehouse Golem», de Juan Carlos Medina (Reino Unido), «The Night of the Virgin», de Roberto San Sebastián (Espanha), «Prey», de Dick Maas (Holanda) e «Rift», de Erlingur Óttar Thoroddsen (Islândia). De assinalar ainda a outra secção competitiva do festival, o «Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa/ Méliès d’Argent», cujos nove finalistas foram anunciados em julho passado.

Para os apreciadores de documentários, a secção «Doc Terror» apresenta «78/52» e «King Cohen». Alexandre O. Philippe desconstrói as 78 posições de câmara e 52 planos da mítica cena do chuveiro de «Psycho», enquanto Steve Mitchell conta a história do argumentista, produtor, realizador e rebelde Larry Cohen.

Dos 33 filmes da secção «Serviço de Quarto», que mostra fora de competição os melhores filmes de terror dos últimos dois anos, destaca-se o terror psicológico do filipino «Bliss», «Lowlife», descrito como «uma variação de Tarantino para a era Trump», e «Train to Busan», filme de zombies que se tornou um fenómeno de bilheteira na Coreia do Sul. Mas há muitos outros a descobrir, como os já anunciados «The Bar», do espanhol Álex de la Iglesia, e «The Untamed», do mexicano Amat Escalante, ambos parte da programação associada a Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura, que atravessa o festival.

Nos eventos paralelos do «MOTELX», as novidades vão para uma leitura ao vivo do guião da longa-metragem «Linhas de Sangue», de Manuel Pureza, a apresentação do livro de Kier-La Janisse sobre Jean Rollin e uma sessão VHS com o bizarro filme de culto «low-budget ‘Nasty Hunter’». Na secção infanto-juvenil «Lobo Mau», anuncia-se ainda uma conversa com Eduardo Sá, depois da exibição do filme «O Livro da Vida».

O festival está marcado para o Cinema São Jorge e o Teatro Tivoli BBVA, na zona da Avenida da Liberdade.